quarta-feira, 31 de julho de 2013

Escolher o caminho

Estava ouvindo a entrevista de um oncologista e ele falava da ansiedade dos pacientes e da dificuldade de manter este paciente num só caminho. Pacientes que começam um tratamento com um médico e se desesperam e vão procurar outros médicos e outras alternativas podem atrasar muito seus resultados finais, às vezes tendo danos irreversíveis.
Atualmente temos diversas alternativas, quando estamos num tratamento, seja ele de câncer ou de qualquer outra doença, tem o procedimento protocolar, o que é mais indicado, mas tem várias experiências que estão em andamento que podemos tentar. A Ana Maria Braga falou que no caso dela o médico comparou o tratamento como atravessar um oceano num barco a remo, ou todos remam para a mesma direção ou vai ser uma catástrofe. Quando escolhemos um caminho pode não ser uma linha reta, o que seria a distância mais curta, mas temos que confiar que será a melhor escolha. O fator confiança é primordial para o sucesso do tratamento, o líder desta jornada está no comando.
Quem tem um bom plano de saúde ou quem pode pagar médicos particulares vai logo procurar “o melhor”, eu ainda procuro qual a definição deste melhor, não sei bem o critério que usam para darem este título a alguns médicos e a outros não, já me estrepei com um destes médicos tidos como “os melhores”, então prefiro receber indicação e acima de tudo seguir meus instintos. Para mim tem que ter empatia, tenho que me sentir segura, tenho que sentir que posso me jogar de cabeça que aquela pessoa vai se dedicar de corpo e alma por mim e ai sim o caminho que ela traçar eu vou remar com todas as minhas forças para atingir e ainda vou trazer todos os reforços que conseguir.
Os reforços são super importantes nesta viagem, apoio de familiares, amigos, boa alimentação, meditação, oração, pensamento positivo e tudo o que puder fazer para ter força. Parecem que são complemento, mas na verdade o que pode soar como coadjuvantes são essenciais para este sucesso. Alias na vida muitas vezes é assim, o que achamos estar em segundo plano é o que garante o brilho e o sucesso de um projeto. Nunca menospreze o poder de uma oração.
Se está num momento difícil, que tem que fazer uma escolha, pare um momento, não pense que está perdendo tempo, pense que está fazendo a escolha certa e por isto precisa dedicar tempo para não se arrepender mais tarde, porque em alguns casos não vai ter a oportunidade de se arrepender e voltar atrás. Escute seu coração, veja para onde as mãos de Deus está te guiando. Prepare-se para a travessia, as ondas podem ser altas, tempestades virão, mas se todos tiverem um só propósito, um só norte guiar a todos neste barco a travessia será muito mais fácil e terá mais chances de sucesso.
SAÚDE

terça-feira, 30 de julho de 2013

Orações para nos fortalecer




Oração da manhã

Senhor, no início deste dia, 
venho pedir-Te saúde, 
força, paz e sabedoria.

Quero olhar hoje o mundo 
com olhos cheios de amor, 
ser paciente, compreensivo, 
manso e prudente; 
ver, além das aparências, 
teus filhos como Tu mesmo os vês, 
e assim não ver senão o bem em cada um.

Fecha os meus ouvidos a toda a calúnia. 
Guarda a minha língua de toda a maldade.
Que só de bênçãos se encha o meu espírito.

Que eu seja tão bondoso e alegre, 
que todos quantos se aproximarem de mim, 
sintam a tua presença.

Senhor, reveste-me da tua beleza, 
e que, no decurso deste dia, 
eu Te revele a todos. 
Amen.

Começar o dia com esta oração sempre me dava a impressão que estava indo no caminho certo, que estava fazendo as escolhas certas. São palavras simples, gestos fáceis de serem seguidos, mas de um resultado enorme em nossas vidas. 
Nos momentos difíceis temos a oração da coragem.



Que eu nunca peça para ficar livre dos perigos, mas coragem para enfrentá-los...
Que eu nunca mendigue paz para a minha dor,
mas coragem e coração forte para dominá-la...
Que eu não procure aliados na batalha da vida,
mas a minha própria força em Ti...
Que eu não anseie medrosamente pela salvação,
mas esperança e paciência para conquistar a
minha liberdade.
Senhor, garante que eu não seja tão covarde para sentir a Tua misericórdia apenas no meu triunfo... 
Permite-me encontrar o Teu aperto de mão no meio de meu fracasso.
Que Assim Seja.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Fé e Oração curam, isto eu já sabia.

Agradeço, todas as oportunidades que tenho, aos meus amigos que oraram por mim. Vou sempre me lembrar de receber minhas garrafadas, lenços benzidos, santinhos e tantas outras demonstrações de fé que tanto me ajudaram na minha recuperação.

Ontem assistindo ao programa de TV, Bem Estar, escutei o depoimento da Ana Maria Braga e dos médicos oncologistas. Ela falou que se sentia tão apoiada pelos fãs, tão envolvida por uma energia boa que era impossível que seu exército pessoal não entrasse em ação, e eu acredito nisto, no nosso exército pessoal.

O que os médicos chamam de sistema imunológico eu chamo de exército pessoal, é como se dentro de nós existissem soldados, que às vezes ficam fracos, dão bobeira e permitem que nosso corpo seja invadido por doenças ou tomados por células malucas, como é o caso do câncer, mas é possível revertermos a situação, fortalecermos nosso sistema, nosso exército. E já está provado cientificamente, um enfermo que tem um grupo orando por ele tem uma recuperação melhor, por isto não perca tempo.
No mesmo programa de TV uma médica comentou que duvidava que qualquer uma das pessoas que estava tomando chuva e se expondo à friagem para assistir o Papa Francisco passando pelas ruas ou para assistir a missa do lado de fora da basílica de Nossa Senhora de Aparecida iria pegar uma gripe ou ter algum problema de saúde e a explicação era a fé. Para a médica o sistema imunológico estava 100% alerta e toda aquela alegria, esperança, fé, crença e benção serviam de escudo para qualquer mal que pudesse acontecer ao corpo.

Eu assistindo as transmissões já sinto isto. Não quero saber quem é católico ou não, estou falando da energia boa que paira no ar, no sentimento do bem que parece que contaminou as pessoas. Imagina 100 mil pessoas uma ao lado da outra só pensando coisas boas, só querendo saúde,  pedindo bençãos para os familiares, é como se o BEM vencesse a luta, nada de ruim pudesse acontecer.

Ainda no campo da fé acabei de assistir nosso querido Oscar Schmidt, recebendo benção do Papa Francisco, isto é um remédio maravilhoso para o tratamento dele. Para quem não sabe ele está enfrentando um tratamento de cura de câncer no cérebro e hoje o exército dele recebeu uma força extra. Eu estou em oração pelo Oscar, espero que ele saiba, que esta oração possa colocar o exército dele alerta.

Gostaria de chamar atenção que se energia boa nos ajuda, o oposto acontece. Já falei e vou repetir quantas vezes forem necessárias que eu me permiti ficar doente. Coisas ruins acontecem com todos, mas infelizmente eu me deixei abalar por quem me decepcionou e isto acontece até hoje e como não posso evitar, pessoas “do mal continuam existindo” o que faço é me afastar. Quando sinto que pensamentos ruins estão tomando minha mente eu imediatamente me ponho em oração e peço que meu exército pessoal se fortaleça para que nada de mal volte a me acontecer. Por isto eu te peço, se proteja, é tão fácil ter esta força que nos une a amigos e nos dá mais fé. Se está doente participe de um grupo de oração, não importa a religião, procure a que te faz melhor, mas um grupo de pessoas “do bem” ajuda a qualquer tratamento.


COM ORAÇÃO HÁ ESPERANÇA

sábado, 20 de julho de 2013

Muito obrigada a você


Mesmo depois de ter sido bombardeada com a maldição ou a profecia, nem sei ao certo o que foi aquilo, de que não tenho e nunca terei um amigo de verdade quero agradecer a todas as pessoas que passaram pelo meu caminho e o transformaram numa caminhada mais agradável.
Apesar de não ser dona de uma autoestima nas alturas eu estou longe de me abalar com uma afirmativa desta, inclusive porque a memória me impede. Eu não sei como definir AMIGO VERDADEIRO, fui ao dicionário para saber pelo menos a definição de amigo:

s.m. Pessoa a quem se está ligado por uma afeição recíproca: conservar, visitar os amigos. / Pessoa que aprecia, que gosta de alguma coisa: amigo da verdade, dos livros. / Pop. Amásio, companheiro. / &151; Adj. Que tem gosto, amizade a: ser amigo das artes. / Aliado: povo amigo. / Propício, favorável: mão amiga. // Amigo do alheio, ladrão. // Ação entre amigos, rifa.

O que posso falar é que não me sinto só. Se por algum motivo não tem alguém ao meu lado num dado momento, minha memória está lotada de pessoas que riram comigo, choraram comigo e tantas outras emoções que sempre me sinto acompanhada. Eu poderia passar horas relatando episódios de demonstrações de amizades, e não estou falando destas amizades que ficam para a vida toda, nossas amigas irmãs, eu tenho algumas, estou falando de pessoas cujas linhas da vida encostaram na minha por um breve momento, mas foi tão significante que sabemos que de alguma forma sempre poderemos contar uma com a outra, pessoas que se fizeram importante nas nossas vidas.
Eu acho que tenho vários amigos, não sei se eles me consideram amigos deles, talvez o que aconteça comigo é o que Vinicius de Moraes escreveu no eu poema AMIGOS
Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. 

Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.
Mas isto não é importante, o que importa é que quando tenho a possibilidade de encontra-los meu coração se enche de alegria. Eu gostaria tanto de dizer a cada pessoa como cada gesto, por menor que tenha sido foi e é importante para mim. Por isto, meu muito obrigada, por quem me ligou quando eu estava doente, para quem interrompeu reunião para me dar um alô, para quem orou por mim, me escreveu e-mail desejando força, me descreveu em uma só palavra, enviou piadas para eu rir, enviou oração, mandou santinho, veio me visitar, se hospedou na minha casa, me atura, ri das minhas piadas, me curti no facebook, está lendo meu blog e tudo mais que só um amigo faz.
                       FELIZ DIA DO AMIGO

terça-feira, 16 de julho de 2013

Morte Antecipada

Não era para ter sido agora, acabara de completar 18 anos, era cheio de vida e trazia alegria por onde passava, apesar de seus problemas, ser meio agressivo, se envolver com meninos que podem ser classificados como estranhos e por ai vai. Passava do limite de querer se divertir, nunca parecia estar satisfeito, sempre queria mais e parece que ai foi o erro.

Foi com esta notícia que minha filha de 16 anos me recebeu ontem, com o anúncio da morte de um amigo, que tinha tido um acidente bobo de moto, caído e batido no meio fio. Ela que como toda adolescente se acha eterna e repete sempre que nada vai acontecer, pela primeira vez se virou para mim e se confessou estar se sentindo vulnerável.

Minha casa em época de férias é sempre um entre e sai de adolescente, um bando de gente que me chama de tia porque é muito mais fácil do que aprender meu nome. Eles postam fotos no instagram e mandam mensagem no whatsapp o tempo todo, mas ontem foi diferente, não tinha foto de caretas, não tinha armação de saída e coisas do tipo, só como iriam até ao cemitério, um querendo dar apoio ao outro e me fez lembrar Ernest Hemingway autor de POR QUEM OS SINOS DOBRAM com a inspiração que teve do poeta inglês John Donne que escreveu “Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria; a morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”.  Naquela hora aqueles jovens viam a imortalidade deles morrendo, eles agiam como uma massa única, um só pensamento, uma única dor.

Hoje este grupo de jovens, que nós adultos acusamos de desanimados, folgados e sem iniciativa, se mobilizou, arrumou carona, alugou van e todos deixaram suas casas na Barra da Tijuca para darem o último adeus a seu amigo no cemitério em Sulacap. Foi sofrido para eles. Pensavam que isto só acontecia com gente velha (se bem que para eles eu com 45 anos sou para lá de velha).

E em todo este turbilhão só estamos falando dos jovens e me vem à cabeça a mãe, já que o tempo todo as lágrimas me vem aos olhos porque me coloco no lugar dela. Nascemos primeiro e devemos morrer primeiro, não é natural um filho que morre antes de uma mãe. Não quero e não posso julga-la se deveria ter feito algo para evitar o que aconteceu. Só posso dizer que este pensamento de que o tempo cura tudo, para mim, neste caso não funciona. Não há cura para a perda de um filho, me lembra a música do Chico Buarque
Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu
Hoje foi um dia de aprendizagem, dizem que se não aprendemos no amor aprendemos na dor. Foi com muita dor.


Elias que Deus te receba de braços abertos.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Nem tinha percebido

Acho que a maioria concorda que mulher para se sentir poderosa compra sapatos, de preferência de salto alto. Agora então que está no inverno o que mais vemos são as botas, o problema é que o sol não foi embora então temos o sol, o calor e as mulheres que se sentem poderosas nas botas. Eu respeito, para mim o legal e se sentir poderosa, para cima.
Nunca fui atraída por sapatos e ainda mais com os tratamentos, vários quilos a mais ai mesmo que não têm sapatos no mundo que me façam me sentir poderosa, mas em compensação uma aula de Zumba com o professor Dudu Neves tem o poder da poderosa Isis (deusa egípcia do amor), me faz me sentir viva, é sério, me sinto até sensual, mesmo depois de 45 minutos de aula. Me olho no espelho e vejo uma Leda super gata, fazendo caras e bocas. O engraçado que tudo acontece não só pelo poder da dança, mas com certeza pelo próprio Dudu.
Ele é super atencioso com as alunas, dedicado e um excelente profissional, e diferente do que se espera é muito reservado, professor de dança normalmente é barulhento, gosta de chamar atenção. Quem o vê nos corredores sabe que ele é tímido, fala baixo, manso e nada efusivo. A mudança acontece quando a música começa a tocar, ele parece que é contagiado, como se fosse além dele, como se vencesse a timidez para fazer algo muito bom e acaba contagiando a todos. Como ele fez a coreografia de abertura da novela Avenida Brasil apareceu em vários programas de TV e eu via a transformação de quando ele tinha que falar, dando explicações para quando ele podia dançar. Eu acabei sendo contagiada por esta energia que ele passa nas aulas, e não é só comigo. Dois sábados atrás houve um aulão de zumba na academia que frequento e uma senhora confessou ao Dudu que só havia ido para que ele não ficasse sozinho. Não é fantástico como uma pessoa pode nos mobilizar assim? Ela não gosta de sair de casa aos sábados, mas não queria que ele corresse o risco de ficar sozinho, ela queria a felicidade dele porque ele é responsável por parte da felicidade dela.
Acho que assim como temos vitórias diárias, temos heróis diários, temos pessoas que nos ajudam a nos sentirmos mais felizes, mais poderosas e que nos servem de inspiração. Pessoas que estão nas nossas vidas fazendo o que podemos dizer suas “obrigações”, mas de uma forma tão carinhosa e dedicada que nos tocam, nos envolvem e acabam nos dando um sopro de vida.

Obrigada às pessoas que fazem a diferença, que são nossos "heróis"da vida real.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Eu sou uma super mulher, comum, igual a todas.

É muito comum atualmente ouvir da pessoa que está enfrentando uma situação difícil que optou por levar a vida da mesma forma, como se nada estivesse acontecendo. Ora, todos concordam que Einstein foi um gênio e ele mesmo falou que loucura era fazer a mesma coisa todos os dias e esperar um resultado diferente. Se você está numa situação que necessita de mais atenção, de mais foco, precisa mudar seus hábitos.
Eu admiro muito o Oscar, nosso medialista do basquete, que está enfrentando um câncer no cérebro, mas quando ele deu uma entrevista que iria seguir a vida como se aquele câncerzinho não estivesse lá eu queria mergulhar na TV e falar para ele lembrar todos os dias que o câncer estava lá sim só que imaginar que ele, Oscar, estava vencendo a luta, não adianta fingir que a luta não existe.
Não tenho nada de super, sou super comum, frágil, manhosa, preciso de cuidados especiais, preciso de muita atenção senão as coisas não melhoram. Nos meus tratamentos eu me virava sozinha, mais nos últimos, porque já estava mais acostumada, nos primeiros o Fernando estava sempre ao meu lado, até mesmo porque eu chorava o tempo todo.
Eu sei que não podemos nos entregar, mas não dá para fingirmos que somos invencíveis. Acho que neste caso temos que pedir ajuda aos universitários, igual aquele jogo, (engraçado que me lembro da expressão pedir ajuda aos universitários, mas não me lembro do jogo em si), e temos que perguntar ao médico e enfermeiras se podemos ir sozinhos ou devemos ir acompanhados ou não, em qualquer tratamento temos que saber quais as nossas necessidades.
Eu vou contar o que aconteceu comigo. Meu primeiro ciclo de quimioterapia foi com a série vermelha, a maravilha que faz o cabelo cair (caso você não saiba nem toda a quimioterapia faz o cabelo cair), fiz 3 ciclos. Depois passei para o taxotere, seriam mais 3 aplicações, fiz a primeira e minha amiga Mônica Alvarenga me acompanhou, na segunda aplicação o Fernando estava de volta comigo, antes da droga entrar recebemos vários remédios, enjoo, soro, mas quando a primeira gota do remédio entrou na minha veia eu me senti mal, falei que tinha algo errado e o Fê disse que estava impressionada. Como impressionada, era minha quinta sessão, eu já estava acostumada, lembro da enfermeira Ana me pedindo para falar com calma o que eu estava sentindo, tarde de mais, o ar já não entrava mais, estava tendo um choque anafilático com um edema de glote. Na hora elas tiraram a droga, injetaram hidrocordisona e aplicaram adrenalina, foi horrível.
Na minha santa ignorância eu achava que iriam mudar a droga da quimioterapia, que nada, o que fizeram foi enganar o meu organismo, me davam muito soro e só uma gotinha da droga para ver se meu organismo não “percebia” que estava sendo “envenenado” pelo medicamento. Agora imagina se eu estivesse sozinha? Resumindo não dá para bancar a super mulher.

Acho que temos medo que as pessoas tenham pena de nós porque estamos doentes e queremos mostrar que somos fortes, queremos mostrar que estamos acima da doença, temos nosso valor não porque estamos doentes e sim porque somos pessoas legais. Parece que temos vergonha de estarmos doentes, como se tivéssemos culpa. Será que vivemos num mundo onde temos que provar tantas coisas o tempo todo que até doente as pessoas se sentem na obrigação de provarem que também são fortes? Será que nem doentes as pessoas se permitem serem frágeis? Por que não nos permitimos relaxar um pouco? Eu não estou falando de doenças graves, já ouvi casos de pessoas que vão trabalhar a base de remédio forte para não perderem seus lugares nas empresas, isto é vida?

Quero ser humana com toda a força e toda a fragilidade natural de um ser, quero poder chorar e pedir colo, pedir ajuda quando precisar e ajudar quando solicitada, nada de super, só de normal.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Será que depois de tudo sou uma pessoa melhor?

Ontem passei a tarde numa sessão de reiki com o meu maravilhoso mestre Carlos Humberto, quando tomo uma decisão importante na minha vida, que acho que tenha que me equilibrar dou uma corrida até ele. Na época que estava doente ia sempre, na verdade contei com a compaixão dele e ele veio me atender em casa algumas vezes, quando eu conseguia ia até o templo dele, até mesmo porque lá nos sentimos melhor só de estarmos perto de tanta energia boa.
Sabe por que tenho que ir até ele para equilibrar meus chakras? Porque não melhorei em nada. Mania que as pessoas têm de acharem que porque passamos por uma doença que nos botou no bico do corvo nos tornamos almas caridosas, algumas coisa entre Gandhi e Madre Tereza de Calcutá.
Você acha que porque passei por 2 cânceres eu me irrito menos porque o governador Sérgio Cabral tem a cara de pau de ir de helicóptero do Leblon para Laranjeiras todos os dias? Ou porque o filho do Lula ficou rico da noite pro dia? Acha mesmo que eu sou capaz de pensar que o que importa é que eu estou bem de saúde?
Saindo da política e indo para a minha vida cotidiana também é a mesma coisa, não me irrito menos com minhas filhas bagunceiras, não reclamo menos se deixam as roupas jogadas no chão. Acho que meu compromisso em educa-las continua o mesmo. Continuo chata com o meu marido e se me tratam mal não sou fácil de perdoar. Não sou de jogar a primeira pedra, nunca fui, mas se me jogam a primeira pedra depois tem que aguentar as consequências, e sinto muito decepcionar os outros, mas este defeito não passou com as minhas doenças. Fico chateada com quem cobra que eu deveria ter me tornado uma pessoa melhor, já não basta ter lutado para viver, ainda tinha que ter melhorado? Do jeito que eu era já não está suficiente? Não é muita cobrança, sobreviver e melhorar?
Meu marido fica furioso porque diz que eu não aprendi nada com a minha doença. Não é verdade, aprendi muito. Às vezes eu acordo e não quero fazer uma coisa que considero boba, ai eu penso que se tivesse morrido não iria fazer mesmo, então volto a dormir, mas se é um compromisso eu levanto de qualquer maneira, é uma questão de personalidade.
Fui criada achando que o mundo tinha que ser melhor por que eu tinha passado por ele e que se eu me calasse diante de uma coisa errada eu estava concordando com esta coisa errada e não tem doença que tire estes valores da minha cabeça. Há alguns anos atrás estava mais uma vez numa semana de descanso entre os tratamentos de radio e quimio, no SPA Equilíbrio em Uberlândia, quando uma mulher, que nunca vi na vida, começou a falar que achava um absurdo o filho não querer sair da faculdade particular em Montes Claros/ MG e passar para a pública onde a irmã dela tinha conseguido a transferência para ele, porque ela é assessora de um político importante em BH, mas o filho gostava das festas da galera da faculdade que ele estava. Eu olhei bem no fundo dos olhos dela e com toda a calma do mundo respondi que absurdo era ela ter a coragem de falar com aquela naturalidade que a irmã dela iria “entrar” com o filho dela numa universidade pública pela janela, que ela deveria ter pelo menos vergonha de falar algo daquele tipo em público ao invés de estar contando vantagem. Ela ficou com cara de idiota, inventou que o filho iria fazer uma prova.
Acho que o esperado para quem passou por algo grave como eu é que levasse uma vida mais light, que ouvisse uma mulher desta e fingisse que nada estava acontecendo, bem do estilo, QUER SER FELIZ OU TER RAZÃO?  Mas o que posso fazer se esta não sou eu. Eu não morri, estou viva. Não vou dizer a besteira que prefira ter morrido do que ficar quieta, sem me envolver, mas com certeza seria um sofrimento.

Não cobre demais das pessoas, quando você falar para as pessoas serem felizes lembre-se de pensar o que deixa as pessoas felizes.

Nem sempre o seu ideal de felicidade é igual para todos.

domingo, 7 de julho de 2013

O melhor não quer dizer o mais caro

Há alguns dias atrás estava numa farmácia e ouvi quando um homem muito bem vestido pediu um nebulizador, a farmacêutica perguntou qual o modelo ele desejava e ele respondeu o mais caro. Parece que se queremos mostrar que nos importamos, que damos valor, nos propomos a pagar o mais caro. Na hora eu me lembrei de um triste episódio que narro no tão esperado livro que tanto falo neste blog, para não ficar muito longo vou tentar reduzir.
no dia 13 de Janeiro de 2012 nos reunimos para comemorar o aniversário do meu cunhado Renato. No meio da reunião eu senti meu lábio inferior esquerdo dormente, como se tivesse comido pimenta. Não dei muita importância, achei que no dia seguinte teria passado, não passou, piorou. A dormência só foi aumentando, passou para o queixo, só no lado esquerdo. Fazia uma peregrinação diária a uma gama de médicos e dentistas, era ADM (articulação têmporo-mandibular), depois me corrigiam dizendo que era DTM (distúrbio têmporo-mandibular), cheguei há passar 12 horas fora de casa entre exames e consultórios médicos. Ninguém descobria o que eu tinha, eu não sentia nada a não ser esta dormência. Claro que fui direto ao Dr. Mário (meu oncologista), que me pediu para fazer um exame de punção de liquor lombar e para ir a um bom neurologista. Engraçado que para algumas especialidades “bom” significa caro e sem agenda e nunca atende pelo plano de saúde. Era o caso deste sujeito, neurologista consagrado, escreve professor no cartão de visita já que é professor da UFRJ. A consulta na época era R$700,00, muito, muito cara mesma, mas foi um pedido do Dr. Mário, não questiono. Só que apesar de caro o médico ainda atrasa para caramba e acabou que ficou inviável para o Fernando( meu marido ) me esperar, ele iria comigo, tive que ir sozinha.
Entrando expliquei o que estava acontecendo, mostrei a ressonância do crânio, que estava normal e fui levada a uma maca onde ele fez um exame com um bastão gelado, ele tocava uma parte do meu corpo e perguntava se eu estava sentindo, é claro que na parte do meu queixo eu não sentia. De repente ele se levanta com uma cara de sabe tudo e diz que já tem o meu diagnóstico,_ nossa, ainda bem. Só que ele não falou comigo, foi direto falar com o meu médico. Comecei a prestar mais atenção quando ele disse que era numb chin syndrom em português seria algo como síndrome do queixo dormente, ele completou que algumas sessões de radioterapia deveriam resolver. EU PIREI. Pedi para falar com o Dr. Mário, marquei uma consulta com ele no dia seguinte, não me lembro direito o que mais foi dito, só me lembro de perguntar se aquele médico tinha certeza do que ele estava dizendo. O tal sujeito me olhou com um olhar frio e disse que ele tinha câncer de pâncreas, a mulher dele tinha tido câncer de mama e todos enfrentaram com coragem e que eu deveria fazer o mesmo, como se eu não enfrentasse os meu problemas, só que eu já havia enfrentado dois. Falei para ele que nunca fugi das minhas doenças, mas achava que já tinha me protegido, achei que tinha aprendido a fortalecer meu corpo e que não iria passar por tudo aquilo novamente, saí arrasada.
No dia seguinte o fofo do Fernando não foi trabalhar me disse que ira passar o dia comigo, gostoso. Me levou para almoçar fora e na hora da consulta com o Dr. Mário estava comigo. Dr. Mário é muito sério normalmente, mas comigo não, a Socorro ,que trabalha com ele,  um dia brincou que vai mandar um gravador para a minha consulta para mostrar aos outros pacientes que ele ri, mas neste dia não teve risos. Ele logo me perguntou porque eu não havia feito o exame de punção lombar que estava agendado, eu disse que o médico renomado que havia ido , o tal neurologista bam bam bam, disse que não precisava. Ele não gostou e ligou para o laboratório marcando para o dia seguinte
Bom, acordei e fui fazer o tal do exame, nada agradável, enfiam uma agulha na sua espinha e puxam o tal líquido. Você tem que ficar imóvel porque se balançar a pessoa pode errar e um estrago vai sair caro. Não pode voltar dirigindo, tive que voltar praticamente deitada no carro porque como faz um furinho tem o risco de sair líquido ou entrar líquido sei lá, só sei que pode dar uma dor de cabeça horrível, cefaleia como dizem os médicos, graças a Deus eu não tive nada. No mesmo dia recebi o resultado parcial negativo, Dr. Mário me ligou pessoalmente para dizer que haviam ligado do laboratório dizendo que não foram encontradas células neoplásicas. Sexta-feira dia 17 já estava fazendo o PET scan e é claro mais tensa aguardando o resultado. Mais uma vez tive resposta no mesmo dia e mais uma vez negativo, nada de células malucas no meu corpo. Dr. Mário, mais uma vez, me ligou e como estava com a passagem comprada para viajar para os EUA minha pergunta foi logo se estava liberada e ele com um tom aliviado respondeu que sim, disse que não tinha com o que me preocupar que já tinha descartado qualquer tipo de recidiva. Só pensava naquele idiota que apesar de ter visto o meu exame com o laudo de normal me deu o diagnóstico de câncer com um simples exame de tato e por perguntas que me fez, é confiar muito no taco dele. Mas eu não consegui sossegar, tinha que dizer para ele que ele não podia enlouquecer as pessoas desta maneira, por isto enviei um e-mail que a diferença entre Deus e alguns médicos é que Deus sabia que não era médico, mas alguns médicos não sabiam que não eram Deus.
Eu fiquei indignada, mas tirei algumas lições, o fato de ser careiro não garante que o cara seja bom, às vezes pode cobrar caro e nem por isto ser bom. Mesmo que o cara seja o bam bam bam, não deixe de fazer um exame marcado, ele vai falar muito mais de você do que apenas um exame clínico e confie nos seus instintos

Aprendi que a empatia entre médico e paciente é vital. Dr. Mário Alberto é um excelente médico, renomado, com certeza, mas independente disto é a pessoa que eu confio. Tenho lido sobre o assunto e pelo que entendi esta relação é tão forte que existe melhora até com pacientes que estão recebendo tratamento com placebo.
Procure o melhor para você, não é o mais caro, é o que te atende melhor.

Saúde.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Eu não vou quebrar

Coisa que mais odeio é ser tratada diferente só porque tive câncer. Certo tenho limitações, apesar de não ter removido nem um pedaço do pulmão por causa da radioterapia o direito é todo fibrosado, não é como um pulmão normal, mas nada que me impeça de ser normal sou apenas mais lenta que as outras pessoas.
Duas coisas me irritam, se olham para mim e sem saber da minha história me julgam pela minha aparência (tipo tão novinha e já não consegue fazer nada) e sabendo da minha história me classificam como incapaz. Um guia turístico conseguiu fazer os dois em 5 minutos. Fomos fazer um passeio na serra da Bocaina e como era subida eu sofro um pouco mais. O guia teve a infelicidade de comentar que a avó dele estava em melhor forma física do que eu. Fernanda, minha filha de 11 anos com a normalidade de quem vive isto desde os 4 anos de idade falou que era porque eu tinha tido câncer de pulmão. Pra que, o homem ficou doido começou a me chamar de senhora, perguntar se eu queria descansar, dizer que a caminhada era puxada, falar que era para eu não ir até a cachoeira porque teria que descer 300 metros numa escada muito inclinada. Quanto mais ele falava mais irritada eu ficava.
Desnecessário eu falar que fui até o fim do passeio. É claro que para baixo todo santo ajuda, na hora de subir comecei antes de todo mundo, a Vanessa, minha filha mais velha veio comigo, ela sabia que estava de saco cheio daquele cara e que seria difícil para mim.
Estou curada. Se falo para uma pessoa que tive câncer isto já é suficiente para que ela saiba que tenho o meu próprio limite, não precisa ficar me dizendo o que fazer. Não vou quebrar.
Inclusive já vi pessoas que não largam a doença porque não recebiam atenção e quando ficaram doentes foram cobertas de carinho e se sentiram melhores doentes. Na psicologia isto tem um nome que eu esqueci. Este é um grande perigo, os pacientes morrem felizes, morrem se sentindo amados.

Eu recebia muito mais atenção doente do que agora, meu marido é mais namorado quando eu estou doente, o que é uma raridade. Mas eu sei muito bem o quanto eu sofri todos estes anos, então eu prefiro comemorar estar saudável e bem, muito, muito bem. 

terça-feira, 2 de julho de 2013

Não quero que ninguém saiba


Pelo que entendo o normal ou pelo menos o mais comum é que ao receberem o diagnóstico de câncer as pessoas se fechem e não contem a ninguém, só aos mais íntimos e de uma forma geral nem tocam no assunto quando se encontram. Falar a palavra câncer então parece uma maldição. Comigo foi bem diferente e posso dizer que isto foi um grande diferencial, que me fez muito bem.

Em Março de 2011 fomos ao aniversário da filha de um amigo, Valter Luis, que fazia 15 anos. Ele é engenheiro, assim como vários dos meus amigos e por isto mais fechado e com um pouco de dificuldade em mostrar sentimentos (por favor, não é uma crítica, apenas uma constatação), mas quando veio falar comigo a primeira coisa que falou foi que gostava da maneira como eu dividia com as pessoas o que estava acontecendo comigo e na opinião dele é como se eu deixasse um pouquinho do problema com cada um e assim ficava mais fácil de superar. Acho que isto faz sentido e tenho certeza que o apoio que recebi e recebo é fundamental para a minha saúde. Depois acabei lendo um livro do Max Gehringer, Clássicos do Mundo Corporativo e aprendi que a palavra “problema” é de origem grega e significa exatamente isto: “passar adiante”. Sem saber estava levando meu “problema” ao pé da letra.
Assim que fiz o primeiro exame e me disseram que eu tinha 95% de chance de estar com câncer pedi que meus amigos rezassem por mim, torcessem para que os 5% se confirmasse. Quando falo em amigos estou falando de todas as pessoas que eu acho que tem um carinho grande por mim. Não estou falando apenas destes amigos que dizemos que temos poucos, que podem ser contados nos dedos das mãos, estou falando de todas as pessoas maravilhosas que nos circulam e que às vezes nem temos tempo de perceber o quanto gostam da gente.
Infelizmente o resultado deu positivo e eu continuei dividindo com todas as pessoas o que estava acontecendo comigo. Escrevia para todos contando cada passo, cada decisão importante que havia tomado cada medo e cada decisão que tomava.
Aprendemos que não devemos incomodar os outros, que as pessoas não querem saber de coisas chatas, que as pessoas já têm muita coisa para se preocupar e que por isto não devemos atrapalhá-las com os nossos problemas e principalmente que as pessoas se afastam de pessoas com problemas. Se isto for o correto eu fiz tudo errado, mas o que importa é que para mim deu resultado.
Eu pedi ajuda a todos, cada e-mail que eu recebia era uma injeção de ânimo que recebia. Isto me fez um bem incrível.
Pedi para que meus amigos, que foram os grandes responsáveis pela minha recuperação que escrevessem como receberam a notícia e como foi participar da minha recuperação. Não estou escrevendo os depoimentos para mostrar como as pessoas me veem como alguém fora do normal, pelo contrário, quero mostrar que não atrapalhamos os outros, que não vamos ser hostilizados ou que vão se encher de piedade se dividirmos nosso problema com as pessoas que nos querem bem. Preste atenção que é uma via de mão dupla, eles nos ajudam e nós os ajudamos também.
Desde que eu tive meu primeiro diagnóstico de câncer lembro que algumas pessoas famosas, que são muito populares, enfrentaram o mesmo problema; Ana Maria Braga, Hebe Camargo, Gianecchini e outros. Vocês podem imaginar como estas pessoas receberam orações e energia de todos que as admiram? Na minha cabeça é impossível não ter uma melhora, não ser contaminado por esta força do pensamento. Li uma entrevista com a Hebe, que já faleceu, infelizmente, que ela mencionava isto, é quase como uma obrigação você melhorar, a gente recebe tanta energia que a melhora é quase que inerente a nossa vontade é quase uma obrigação. Fica como um sentimento de não poder decepcionar tantas pessoas que estão orando por você, torcendo por você.

Aqui alguns dos depoimentos dos meus amigos que foram, com certeza, fundamentais para a minha recuperação.


Olha, sempre fico surpreendida e ao mesmo tempo feliz em saber que de alguma forma eu possa ter contribuído para a sua recuperação mesmo estando longe de você. (para mim longe é um lugar que existe). Me lembro que quando você me contou sobre o câncer, óbvio que como qualquer pessoa você estava arrasada e com o tempo começou realmente a dividir os passos do seu tratamento e com eles nos relatava um pouco do seu sofrimento e tristeza. Contudo você deve saber que a intensidade faz parte da forma como você leva a vida e com o câncer não foi diferente. Por essa sua característica imagino a sua dor, mas o que acho bom ressaltar é o poder das suas atitudes. Me marcou muito dois emails seus. Um foi que você estava muito triste porque seu cabelo estava caindo  aí eu te respondi que cabelo nascia de novo e que você poderia comprar uma peruca. Logo em seguida você me respondeu dizendo que já tinha uma peruca ultra moderna e que não deixava o Fernando te ver sem peruca. Achei o máximo, pois se está mal o que podemos fazer para melhorar?  Segundo momento foi o dia que você me disse que havia feito o tratamento com quimioterapia e depois foi fazer aula de hidro. Fiquei imaginando você nessa aula, falando como tinha sido o procedimento, as pessoas te dando forca e você desabafando e com isso tornando mais leve o seu tratamento.
 
Lêda, o que eu posso te dizer é que concordo com a frase que diz que tudo que não nos mata nos fortalece e é assim que eu tenho te lido esses últimos tempos. Muito mais forte e feliz.
 
Boa sorte,

Neli

Este é mais uma parte do meu livro "Um ponto fora da Curva", em breve trarei inteiro  com todos os depoimentos. 
Espero que tenha mostrado que por mais que procuremos sempre a felicidade as pessoas estão prontas para receber nossas fraquezas e que receber apoio dos outros nos torna mais forte. Passe adiante, deixe seus problemas com quem pode te ajudar.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Ainda tem espaço para achar graça.

Não sei dizer se achei graça na época, mas com certeza minha vida não era de sofrimento continuo durante o tratamento do câncer, bem pelo contrário, viajava, inclusive para o exterior, conheci o Chile entre o intervalo entre a rádio e a químio, recebia amigos na minha casa, 12 de uma só vez num ano novo durante um período que eu fazia radioterapia diariamente e foi tudo muito tranquilo. Conto tudo muito detalhadamente no livro que escrevi “Um ponto fora da Curva”  um relato muito leve que estou louca para trazer até você. Estou pesquisando como publica-lo em e-book para ficar mais fácil. Até lá vou contar um fato engraçado que está no livro para você já ir tomando gosto.
Assim como câncer não escolhe nem raça nem classe social, o mesmo acontece com este inseto abominável, por mais que as pessoas achem que só pobre e gente porca padeça deste mal, não que seja rica, mas seria injusta se me considerasse pobre, porém meu sangue é absurdamente atrativo para este bicho.

(retirado do livro ainda não publicado “Um ponto fora da Curva”) Leda Alves
Passei por fatos engraçados como perguntarem o que eu tinha feito no meu cabelo que estava muito diferente, pessoas que sabiam que eu estava em tratamento, mas haviam esquecido. Uma sobrinha me pediu para fazer penteado no meu cabelo e eu tive que lembrá-la que era peruca, agora o mais engraçado ou pelo menos o mais diferente é que tive piolho na prótese capilar. Não estou de brincadeira, é sério. Sempre tive a maior facilidade para pegar piolho, mas a peruca é feito de cabelo humano que é alisado e tingido, ou seja, cheio de química, nunca imaginei que fosse ter piolho. A prótese capilar é uma cabeça de silicone com os fios implantados, não tinha como os piolhos me picarem na cabeça, então eles vinham para a minha nuca. Eu via que estava vermelho, mas achava que era alergia ao contato com o silicone. Por outro lado eu durmo nos braços do meu marido, (pode dizer que sou melosa, sei que sou) e ele estava reclamando que acordava com o braço coçando. Ele não tem sangue para piolho, nunca pegou, mas os piolhos aproveitavam a noite para picar o braço dele. Sei que um dia ao tomar banho eu vi que estava com piolho, não podia passar shampoo muito forte que iria estragar a prótese, passar pente fino então nem pensar. A solução foi ir ao supermercado e comprar neocide. Tirei a prótese, coloquei dentro de um saco plástico e joguei o pote inteiro. No final do dia eu só abri o saco e sacudi a prótese, caíram 63 piolhos. Fiquei chocada, mas achei engraçado. Sou a única pessoa que conheço que teve piolho na prótese capilar. Naquele dia não era o câncer que me incomodava ou que era o assunto principal, era o piolho.



E têm vários outros momentos engraçados. O que quero mostrar é que não tem mais espaço para aquele tratamento sofrido, trancado, calado. Quanto mais felicidade pudermos ter, melhor nosso organismo vai responder. Liberte-se, permitas-se ser feliz, já vi muita gente em tratamento ou com qualquer tipo de problema que acha que porque tem um problema tem que sofre o tempo todo. Faça o inverso, divirta-se o tempo todo e sofra só o tempinho que for preciso para resolver o problema que tiver.

SEJA MUITO FELIZ