quinta-feira, 11 de julho de 2013

Eu sou uma super mulher, comum, igual a todas.

É muito comum atualmente ouvir da pessoa que está enfrentando uma situação difícil que optou por levar a vida da mesma forma, como se nada estivesse acontecendo. Ora, todos concordam que Einstein foi um gênio e ele mesmo falou que loucura era fazer a mesma coisa todos os dias e esperar um resultado diferente. Se você está numa situação que necessita de mais atenção, de mais foco, precisa mudar seus hábitos.
Eu admiro muito o Oscar, nosso medialista do basquete, que está enfrentando um câncer no cérebro, mas quando ele deu uma entrevista que iria seguir a vida como se aquele câncerzinho não estivesse lá eu queria mergulhar na TV e falar para ele lembrar todos os dias que o câncer estava lá sim só que imaginar que ele, Oscar, estava vencendo a luta, não adianta fingir que a luta não existe.
Não tenho nada de super, sou super comum, frágil, manhosa, preciso de cuidados especiais, preciso de muita atenção senão as coisas não melhoram. Nos meus tratamentos eu me virava sozinha, mais nos últimos, porque já estava mais acostumada, nos primeiros o Fernando estava sempre ao meu lado, até mesmo porque eu chorava o tempo todo.
Eu sei que não podemos nos entregar, mas não dá para fingirmos que somos invencíveis. Acho que neste caso temos que pedir ajuda aos universitários, igual aquele jogo, (engraçado que me lembro da expressão pedir ajuda aos universitários, mas não me lembro do jogo em si), e temos que perguntar ao médico e enfermeiras se podemos ir sozinhos ou devemos ir acompanhados ou não, em qualquer tratamento temos que saber quais as nossas necessidades.
Eu vou contar o que aconteceu comigo. Meu primeiro ciclo de quimioterapia foi com a série vermelha, a maravilha que faz o cabelo cair (caso você não saiba nem toda a quimioterapia faz o cabelo cair), fiz 3 ciclos. Depois passei para o taxotere, seriam mais 3 aplicações, fiz a primeira e minha amiga Mônica Alvarenga me acompanhou, na segunda aplicação o Fernando estava de volta comigo, antes da droga entrar recebemos vários remédios, enjoo, soro, mas quando a primeira gota do remédio entrou na minha veia eu me senti mal, falei que tinha algo errado e o Fê disse que estava impressionada. Como impressionada, era minha quinta sessão, eu já estava acostumada, lembro da enfermeira Ana me pedindo para falar com calma o que eu estava sentindo, tarde de mais, o ar já não entrava mais, estava tendo um choque anafilático com um edema de glote. Na hora elas tiraram a droga, injetaram hidrocordisona e aplicaram adrenalina, foi horrível.
Na minha santa ignorância eu achava que iriam mudar a droga da quimioterapia, que nada, o que fizeram foi enganar o meu organismo, me davam muito soro e só uma gotinha da droga para ver se meu organismo não “percebia” que estava sendo “envenenado” pelo medicamento. Agora imagina se eu estivesse sozinha? Resumindo não dá para bancar a super mulher.

Acho que temos medo que as pessoas tenham pena de nós porque estamos doentes e queremos mostrar que somos fortes, queremos mostrar que estamos acima da doença, temos nosso valor não porque estamos doentes e sim porque somos pessoas legais. Parece que temos vergonha de estarmos doentes, como se tivéssemos culpa. Será que vivemos num mundo onde temos que provar tantas coisas o tempo todo que até doente as pessoas se sentem na obrigação de provarem que também são fortes? Será que nem doentes as pessoas se permitem serem frágeis? Por que não nos permitimos relaxar um pouco? Eu não estou falando de doenças graves, já ouvi casos de pessoas que vão trabalhar a base de remédio forte para não perderem seus lugares nas empresas, isto é vida?

Quero ser humana com toda a força e toda a fragilidade natural de um ser, quero poder chorar e pedir colo, pedir ajuda quando precisar e ajudar quando solicitada, nada de super, só de normal.

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